O homem sempre sentiu a necessidade de se adornar. Os primeiros adornos eram feitos com ossos e dentes de animais, conchas, pedras e madeira e simbolizavam estatutos, poder e misticismos.
O ouro é explorado pelo homem há mais de 6.000 anos. Acompanha a evolução humana, assim como as artes, contando a história através de belas peças, tornando-se em obras de arte moveis.
Em cada período histórico, as características das artes transformaram-se e originam estilos diferentes de correntes artísticas, influenciando assim a joalharia. Vamos conhecer um pouco da história, através da joelharia.
Pré-história: Eram utilizados materiais como pedras, ossos, sementes e dentes de animais, lapidados de forma rústica.
Egípicios: As jóias deste período eram carregadas de misticismo e simbolismos. Figurativas, essas peças tinham formas de escaravelhos, que representavam o sol e a criação; olho do deus Horus, que protegia contra maus espíritos ou até mesmo de serpentes e escorpiões. Utilizavam muitas cores, que também eram carregadas de simbolismos. A policromia era obtida através de gemas como o lápis-lazúli, feldispato verde e turquesa ou até mesmo esmalte vitrificado.
Gregos: A princípio os gregos utilizavam formas geométricas. Com influência de outros povos passaram a produzir cenas mitológicas em brincos, braceletes e colares.
Etruscos: As técnicas de filigrana e granulação foram utilizadas com extremo primor.
Joelharia Árabe: Os povos antigos da Península Arábica prosperaram como ponto de interseção das rotas de comércio do mundo, como mercadores de seus próprios recursos naturais – de início incenso e mirra - e como compradores de mercadorias de terras distantes. A Península, com o florescimento do comércio, tornou-se porta de entrada para o Oriente. As trocas comerciais passaram a envolver, tempos depois, especiarias, sedas, marfim e outras mercadorias preciosas com o Egito e os países que bordejavam o Mediterrâneo.
Deltas: A joalharia Celta sofreu grande influência de povos estrangeiros. Adaptaram as técnicas de outros povos à sua arte de trabalhar o metal. Utilizaram de forma magistral técnicas como: filigrana, gravação, entalho, fundição, esmalte e granulação.
Romanos: Os romanos utilizavam o ouro para financiar guerras. Somente em 27 a.C., com novas fontes do metal, é que os romanos passaram a utilizar parte deste ouro na joalharia. Lentamente, as joias foram-se tornando mais populares. Domínio total nas técnicas de vidros.
Idade Média: Na Idade Média a arte sofreu grande influência religiosa (teocentrismo). As joias eclesiásticas ganharam força, sendo muito usados escapulários, crucifixos e relicários por ambos os sexos.
Apareceram as primeiras sociedades de ourives, os quais se instalaram em guildas (corporações de ourives). As joias tinham um simbolismo muito forte, não só religioso, mas também de estatutos e divisão de classes. Existiam leis para o seu uso.
O esmalte foi uma das técnicas em destaque.
Os anéis eclesiásticos, são usados até hoje por cardeais, bispos e pelo papa. A Burguesia utilizou anéis gravados com monogramas como instrumentos de autenticação de documentos.
Os cintos e broches, além de adornar, eram funcionais. O vestuário também era ricamente adornado. Fios de ouro e gemas eram aplicados às bordas dos tecidos.
As gemas tiveram um papel de destaque. Com uma técnica para realçar sua cor, algumas delas recebiam uma fina camada de metal. Foram criadas leis restringindo o uso desta técnica em consequência de seu uso indiscriminado.
As pérolas, rubis, safiras, esmeraldas e granadas foram as gemas mais utilizadas. Além do formato cabochão, pedras com facetas começam a surgir. É o período onde a lapidação se começou a desenvolver.
Joalharia Bizantina: Caracterizou-se pelo uso de gemas, pela policromia e trabalhos delicados de filigrana e granulação, expressando a fusão das culturas orientais e ocidentais. Nesse período, o tema principal era o religioso.
As principais gemas utilizadas foram as pérolas e safiras.
O esmalte decorava peças ricas em detalhes na representação de santos, retratos e desenhos abstratos.
A lapidação era muito primária. Utilizava-se apenas arredondar as arestas, lapidar em forma de contas e polir as facetas naturais da gemas.
Estilo gótico: A arquitetura gótica com seu verticalismo influenciou a joalharia de maneira gradual. A arte gótica surge em um momento de crescimento das cidades medievais. O estilo arquitetónico gótico já estava emergindo por volta de 1150, mas somente no final do século XIII é notado seu reflexo na joalharia. Surgem novas formas, mais angulares e bicudas que resultam em formas elegantes. A arquitetura retrata a crença na existência de um Deus que vive em plano acima da humanidade, e isso explica o verticalismo, onde tudo aponta para o céu. Sua maior representação esta nas catedrais.
Renascimento: Com os estudos de anatomia e engenharia que ganharam força nesta época, os ourives conseguiram reproduzir com fidelidade, formas humanas representadas em peças inspiradas na mitologia.
A joalharia deixou de ser patrocinada pelo clero e passou a ser patrocinada pela burguesia. Foi então que o ofício de ourives começou a ganhar status de arte assim como a pintura e escultura.
Com as navegações e a descoberta das Américas, a Europa foi abastecida de ouro, prata e gemas
Era costume usar vários anéis na mesma mão, assim como muitos colares. Também era comum o uso de pingentes, brincos, broches e jóias para o cabelo e chapéu. Os adornos de chapéus eram feitos de ouro esmaltado, com motivos mitológicos ou religiosos. Camafeus também começaram a ser introduzidos na composição destes adornos.
Estilo Barroco: Nas joias barrocas o que predomina é a emoção que vem contrapor com o racionalismo do renascimento.
A França dita a moda. As joias passam a ser usadas com mais moderação e ficam mais elegantes. Temas religiosos perdem espaço para os temas naturalistas como pássaros e flores.
Houve um grande avanço na lapidação. Os desenhos de peças para o dia eram diferentes dos para serem utilizados à noite, já que estas deveriam refletir com mais intensidade a luz dos candelabros.
A joalharia passa a ser usada como ostentação de poder e riqueza.
O diamante foi a gema preferida, mas rubis, esmeraldas e safiras também foram muito utilizados.
Rococó: O barroco transforma-se em exuberâncias assimétricas, as joias deste período são sedutoras. Utilizava-se muitas gemas coloridas e diamantes. As técnicas de lapidação foram aprimoradas. As peças tinham muito brilho e eram mais luxuosas. Surgem os conjuntos de peças feitas com a mesma linguagem formal e mesmos materiais
Brincos, anéis, pendentes em formatos de buquês e laços são muito utilizadas.
Neoclássico: Com a revolução francesa, a referência volta a ser os estilos grego e romano, limpando a joia dos excessos dos estilos anteriores. Camafeus, medalhões e correntes voltam a ser utilizados.
As gemas, usadas com moderação, eram enfatizadas através de uma moldura de diamantes, ouro ou pérolas que rodeavam a gema principal. Tiaras, anéis e braceletes fazem parte dos adornos usados.
Art Nouveau: A inspiração deste estilo era a Natureza. Joias com representação de linhas orgânicas. Utilizavam materiais como marfim, chifres, vidros entre outros.
Belle Époque: A jóia neste período era usada com o intuito de adornar as mulheres e satisfazer sua vaidade.
Art Decó: Neste período de paz, em 1918, impõe-se na joalharia o estilo Art Decó, com seu design associado ao Cubismo, ao Abstracionismo e a arquitetura da Bauhaus, os quais por sua vez sofreram influência de motivos orientais e africanos.
Geométricos, os colares e longos brincos também eram produzidos em materiais alternativos (não preciosos), como o aço.
Segunda Guerra: Após a Segunda Guerra, a Europa deixa de ditar moda e adota o estilo de vida americano. O cinema é um grande meio de difusão deste estilo. O glamour de Hollywood começa a imperar.
Com a guerra ouve uma queda de fornecimento de gemas. Abriu-se, então, um grande espaço para as bijuterias finas onde as mesmas se adaptou a uma clientela que as compravam joalharia não só para uso, mas também como investimento. A ênfase passou a ser na qualidade das gemas, perfeitamente facetadas e montadas em peças de design de acordo com a moda. A partir da segunda metade do século XX, novas ideias e conceitos, assim como novos materiais passaram a ser utilizados pelos designers, como os metais titânio e nióbio, e também diferentes tipos de plásticos e papéis, buscando novos caminhos de expressão.
Neste período dava-se ênfase as lapidações e cravações elaboradas e diferentes das tradicionais.
Ditaram as tendências da moda, assim como os avanços técnicos joalharias como: Cartier, Van Cleef & Arpels, Mauboussin e Boucheron.
Anos 60 e 70: A forma era mais valorizada que o material e novos conceitos passam a ser empregados, utilizando plástico outros metais e até mesmo papel. O design passa a ser valorizado pelo conceito.
Joalharia Indiana: Há muitas centenas de anos, os habitantes do que hoje conhecemos por Índia, utilizavam como adornos pessoais materiais encontrados em abundância na natureza: couro, dentes e ossos de animais, folhas, penas de pássaros, frutas silvestres e sementes (até nos dias de hoje tais joias são ainda usadas por diferentes sociedades tribais). Na Índia os ornamentos são feitos para praticamente todas as partes do corpo. Tal variedade serve como testemunho da excelente qualidade do trabalho dos ourives indianos. As joias na Índia variam das de cunho religioso até às de cunho puramente estético. As joias também não são feitas somente para seres humanos, mas também para os deuses, os elefantes e os cavalos cerimoniais. A arte da joalharia tem recebido patrocínio real desde tempos muito antigos. Os Rajás e Marajás competiam entre si para saber quem possuía as mais requintadas e sumptuosas peças de joalharia, impreguenadas de gemas, pois são uns dos principais extratores de gemas com valor gemológico.